sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Ditadura eletrônica: o nascimento do “big brother” nas cidades.
O fato da guarda civil metropolitana de São Paulo inaugurar uma central de vídeo monitoramento, que entre os objetivos, além da justificativa de aumentar a segurança urbana, está a fiscalização do comércio ambulante, inibindo o comércio irregular, vandalismo e o uso “impróprio” do espaço público deveria causar no mínimo uma dúvida, a começar que este fato não pode ser compreendido como algo isolado, mas como uma política sistemática de vigilância do cidadão que está ocorrendo em todo o Brasil, diversas cidades já adotaram ou vão adotar este modelo. O combate ao comércio ambulante e irregular de certa maneira, no limite, pode aumentar a violência urbana na medida em que esse sistema, se for eficiente, poderá empurrar para o desemprego centenas de trabalhadores autônomos, isso apenas em São Paulo, aumentando no fim a violência, afinal, se o sistema inviabilizar o comércio ambulante parte destes comerciantes poderão ser tentados a virarem criminosos para obter recursos e sustentar suas famílias. Embora seja inegável um certo temor geral que causam aos criminosos e que no limite seu uso público é legítimo, mas o ganho em segurança é perda em liberdade.
Este processo de instalação de câmeras pela cidade, olhos digitais dos vigias da ordem pública, se multiplica conjuntamente com o aumento de câmeras de segurança das empresas e dos condomínios nos bairros da cidade, entretanto este acontecimento não gera um questionamento por parte da sociedade civil. Estamos sendo vigiados porquê? Essa é a única forma de se combater a criminalidade? Os dados produzido por essas centrais vigilância será usado apenas por funcionários idôneos e honestos? Ou poderão ser vendidos como informação a empresas, ao google ao face book, à terceiros e talvez até para criminosos?
Questionar essa cultura de certa maneira é questionar o para quêm e o para oquê elas foram construídas e se expande, não seria essa cultura as semente de uma tirania, um novo poder? O bandido, o terrorista, o vendedor ambulante por vezes é só um bode expiatório, um motivo para fomentar toda uma nova economia e domínio. O fato de por vezes o governo e o poder público ter que censurar certos vídeos na internet, chegando a prender funcionários e diretores de empresas como a google mostra o tanto que essa questão é séria. O poder público não têm poder sobre o uso e o comércio das imagens em seu poder, um exemplo disso foi a pouco tempo a divulgação das imagens da CPTM que mostra um casal fazendo sexo dentro de um vagão vazio dos trens da companhia. Ora tudo isso porém têm uma importância pequena perto das transformações a longo prazo. Os bandidos se adaptarão ao novo sistema, já estão mais sofisticados usando máscaras e a própria internet, desenvolvendo controle remotos especiais para desligar as câmeras.
O grande perigo porém será a união entre esse novo poder com as novas tecnologias tais como inteligência artificial, programas de reconhecimento facial, memória digital e etc, fornecerão às futuras ditaduras recursos bem maiores aos recursos dispostos dos terríveis totalitarismo do século XX. A sombria distopia de George Orwell torna-se a cada dia menos ficção e sua realização profética se dá, por ironia, em meio a uma sociedade democrática, os futuros ditadores poderão ter a sua disposição um sistema de vigilância do cidadão gerado em nome da segurança pública, da proteção ao patrimônio privado e público. E a instalação desse programa é geral e sistematica, tanto que está sendo instalado no Brasil todo, um exemplo é a central de Recife, que também aumentará seu número de câmeras.
Hoje todo membro da sociedade se familiariza-se cada vez mais com câmeras de filmar e ser filmado, não apenas com câmeras de segurança, mas com câmeras de celulares, máquinas fotográficas digitais, de certa maneira esse processo e irreversível, se a Democracia não criticar, debater e encontrar soluções reais a uma superexposição do cidadão a essa cultura, a ditadura eletrônica se instalará tranquilamente e paulatinamente financiada com nosso dinheiro, com o dinheiro dos impostos, com o trabalho das próprias vítimas, o contribuinte, o cidadão.
O debate sobre segurança pública e a violência urbana não pode se limitar a uma questão técnica de vigilância e aumento do efetivo militar, mas antes deve-se ir a raiz do problema que é a grande diferença entres as classes sociais existentes no Brasil, a concentração da renda na mão de poucos, o descaso com a educação publica de qualidade, somado à corrupção endêmica de políticos empresários e da sociedade como um todo.
Podemos pensar em soluções à violência urbana? É evidente que sim, a única solução é a redistribuição de renda somada a pesados investimentos em educação para as populações mais pobres, além da criação de um sistema jurídico eficiente e democrático e é claro transparente. Em vez de mais câmeras mais poder a população vítima de todo esse sistema. Questionar criticar e participar da gestão das chamadas questões “administrativas” tanto no público como no privado é um pré requisito em uma democracia, e só podemos fazer isso com educação tempo e liberdade e é claro conscientização política.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Insurreições armadas no Oriente médio.
As cenas de Mohamed Bouazizi queimando são chocantes. Ele tinha apenas 26 anos quanto se martirizou, muito pobre, órfão aos três anos, desde dos 10 vendia legumes como ambulante pelas ruas de uma cidade da Tunísia, a cidade de Bem Araus. Ele ganhava cerca de 75 dólares por mês. Sua história percorreu o mundo, depois de ter seu carrinho confiscado pelas autoridades, Mohamed protestou em frente ao prédio do governo local, não foi atendido e sem esperança deixou uma mensagem para sua mãe no face book e ateou fogo ao próprio corpo. O povo alarmado e escandalizado com a situação primeiramente se compadeceu de Mohamed, mas logo depois a ira e a revolta se espalharam como fogo em palha seca em meio a uma população pobre que a muito não suportava o regime político ditatorial, a sede por justiça desencadeou um levante popular seguido de protestos e greves por todo país, dava-se início a primavera Árabe. Logo o exemplo da Tunísia se espalhou por todo oriente médio, uma pequena fagulha despertou a consciência de muitos, todos aqueles que se sentiam humilhados explodiram em ira com seus sentimentos de liberdade e justiça a muito reprimidos, Bouazzi, desde o profeta Maomé, despertara a consciência dos povos oprimidos do deserto, ele nunca imaginara que no momento em que ateou fogo ao próprio corpo libertara não somente seu espírito, mas a consciência de milhões de pessoas em todo oriente-médio, Mohamed Bouazizi morreu cerca de duas semanas depois em decorrência das queimaduras.
O dia da desforra tinha chegado ao oriente médio, agora era a hora do acerto de contas com as oligarquias e ditaduras. Em 17 de dezembro 2010 Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, em 14 de janeiro de 2011, depois de semanas de violentas manifestações, Bem Ali, ditador da Tunísia à 23 anos foge para Arábia Saudita, a vitória do povo foi total, as eleições em breve iniciariam uma nova vida na Tunísia. Entretanto os levantes pelo Oriente-médio tinham apenas começado, desencadeando violentos processos políticos que se manifestavam segundo a particularidade de cada país. Em alguns países os ditadores renunciaram depois de uma luta dramática e violenta, lutas que porém não desembocaram em guerra civil, o maior exemplo disso são o Egito e o Iemem, entretanto as ferozes ditaduras da Líbia e da Síria desencadearam encarniçadas guerras civis. O Egito depois das manifestações que derrubaram Mubarak entrou em um conturbado período de transição com disputas políticas entre os grupos que outrora apoiavam o regime e grupos que eram oposição ao regime como o partido islâmico, Fraternidade muçulmana.As eleições parlamentares iniciavam a nova fase. Entretanto na Líbia e na Síria os processos geraram guerras civis com custos elevados para população de seus países, na líbia morreram cerca de 40 mil pessoas em 8 meses de conflitos violentíssimos envolvendo a ação de exércitos europeus e de forças estadunidenses sob a mascara da OTAM com o aval da ONU.
Embora a atuação das forças estrangeiras na Líbia não se restringisse à campanha aérea, pois muito apoio em solo foi dado aos rebeldes Líbios através da ação de espiões e a atuação de forças especiais, a OTAM não chegou a operar com forças regulares. Entretanto a batalha pela Líbia foi a mais importante guerra civil desde a guerra civil Espanhola, tanto pela sua localização estratégica no mediterrâneo, como pelo seu papel político no contexto africano. O regime de Muamar Kadafi foi responsável pela criação de um banco africano para minar a influência do FMI na África além ter financiado diversos movimentos de libertação na África, soma-se isso a um extenso histórico de embates com o ocidente que vão desde ações terroristas como a explosão do Lockerbie (Escócia) que resultaram na morte de centenas de pessoas, além de ter armado a guerrilha do Ira entre outros movimentos anti-imperialistas. Essa postura internacional independente da Líbia não refletia os conflitos internos do país com a brutal ditadura de Muamar Kadafi, estima-se que em 42 anos de ditadura cerca de 40 mil pessoas tenham perecido nas mãos de regime de Trípoli. Um dos últimos grandes massacres foi a execução de 1600 prisioneiros em 1996 realizada como uma espécie de queima de arquivo pelo regime ditatorial Líbio, esse massacre transformou a terrível prisão de Abu Salim na Bastilha do regime Líbio a libertação de prisioneiros de Abu Salim foi um dos grandes momentos da guerra civil
Kadafi morreu sem julgamento executado por milicianos Líbios, entretanto seu histórico de crimes e estupros e violações contra seu povo fez de sua execução uma espécie de linchamento público para o deleite das milhares de famílias que foram violadas pelo seu regime, de certa maneira não podia se esperar algo melhor. Depois da queda de Trípoli Kadafi se refugiou em sua cidade natal Sirte, seu regime era tribal, ele possuía um apoio popular no oeste da Líbia em especial de sua tribo e das tribos nômades do deserto os tuaregues, além de ter mantido até ao final o apoio de tribos como os Zentan e Taruna. A batalha final foi brutal, de um lado cerca de 6000 mil milicianos armados com o arsenal do próprio Kadafi, apoiados por um pesado bombardeio dos caças da Otan, em especial os Dassault Mirrage franceses, do outro lado cerca de 1500 homens, os restos do exército do ditador, polícia secreta e apoiadores populares de Sirte, nas duas primeiras semanas centenas de civis morreram no fogo cruzado entre o fiéis seguidores do tirano Líbio e seus inimigos rebeldes/OTAN. Depois de negociações e um curto cessar fogo para deixar a população fugir, junto com elementos chaves do regime, algum dos quais foram presos pelos rebeldes a batalha recomessa.Suspenso o cessar fogo, mais três semanas de intensos conflitos e em meio à um montão de escombros chega ao fim a guerra civil na Líbia. Os últimos momentos de Muamar Kadafi mostraram a brutalidade do conflito e ensinou que para muitos ditadores cruéis o fim é igualmente terrível ao destino de suas vitimas, tal como Hitler, Mussolini, mais recentemente Nicolae Ceausescu.
Nas suas últimas horas de sua vida Kadafi sentia a terra tremer constantemente. Uma chuva permanente de foguetes, granadas, mísseis grads e bombas made in OTAN fez o ditador escolher pela fuga com o resto de seus seguidores, cerca de 80 a 100 homens. O comboio de caminhonetes e carros partem em direção ao deserto, os caças franceses cuidam de interceptá-los, o final já conhecemos, capturado dentro de um cano de esgoto Kadafi é linchado, torturado e morto, seu filho Mutassim e seu general executados com um tiro, as cenas de Mutassin minutos antes de ser executado fumando um cigarro indica certo tratamento “humano”, aparentemente ele pode fumar, orar e escolher o local do tiro, bem em cima do coração. O motorista de Kadafi foi feito prisioneiro e é dele que provem o relato dos últimos momentos do tirano um homem irado, confuso, que olhava sempre para o norte, amaldiçoava o povo a quem ele atribuía ingratidão, mas ante aos inúmeros pedidos de fuga de seus homens ele sempre repetia que preferia morrer nas mãos do povo do que ser capturado pela OTAN e ser levado ao tribunal internacional. Segundo o motorista a ordem de “fuga” em plena luz de dia foi uma ordem de suicídio.
Podemos dizer que foi a intervenção da OTAN que garantiu uma rápida vitória aos rebeldes, apesar de sua vantagem numérica os rebeldes careciam de armamento pesado e blindados e de uma força aérea, entretanto demonstraram sua força ao realizar um levante popular em todas as cidades importantes da Líbia, dois terços do exército passou para o lado dos rebeldes, mas isso não garantiu uma vitória imediata, o regime manteve as principais unidades fiéis e com isso reuniu grande parte dos equipamentos e blindados além de manter a ordem na força aérea. Dezenas de pilotos foram executados e centenas de cadetes presos por se negarem a obedecer as ordens do ditador.Entretanto o regime já era um peso nas relações comerciais com o ocidente, além de ter um histórico desagradável de intervencionismos. Como nos últimos anos Kadafi estava valorizando relações econômicas com a China e Rússia a intervenção da OTAN foi crucial para manter a hegemonia do ocidente no mediterrâneo e garantir a vitória dos rebeldes.
Na Síria a questão é mais delicada e obscura, é sabido que a muito há uma oposição armada que luta contra a sanguinária ditadura de Bashar Assad entretanto as manifestações populares da primavera Árabe seguido dos massacres expos as debilidades do regime, um grande contingente de soldados se rebelou contra o regime e formaram o Exercito livre da Síria, acredita-se que inicialmente cerca de 15 a 20 mil soldados tenha se rebelado e que hoje o Exército livre da Síria chegue a 40 mil homens, mal armados e mal equipados, entretanto muito coesos politicamente ao ponto de resistir meses sem o apoio real dos países “inimigos” da Síria, armados apenas com armas leves, lança foguetes e granadas travam uma luta heróica contra a máquina de moer carne humana que sustenta a tirania Síria. O regime Sírio se sustenta devido a eficiência das suas forças de repressão, acredita-se que só nos últimos meses 10.000 civis tenham morrido nas mãos das forças do regime.
A batalha da Síria é diferente, não virá ajuda da OTAN, essa guerra irá durar muito tempo e nos legará mais lições que a batalha da Líbia, apesar dos rebeldes terem conseguido certa ajuda financeira a guerra segue indeterminada, seriam capazes os rebeldes de minar as forças do regime através de uma guerra popular? Essa questão e mais outras só o tempo as esclarecerá, o que sabemos é que há uma oposição política na Síria representada pela Fraternidade islâmica e que as armas dos rebeldes Líbios estão a disposição dos homens livres da síria, entretanto falta um “corredor” para que esse armamento chegue.
A maior lição que as insurreições armadas nos passam é que o preço da liberdade é caro e que uma saída política sempre evita traumas de uma guerra civil e que na política a maioria pode vencer a minoria, mas em uma guerra civil a questão da guerra suplanta a questão da política e o armamento torna-se mais importante que a palavra que o debate, por isso é mais importante evitar uma guerra civil do que vencê-la, o Egito demonstra a grandeza de suas organizações populares e de seu exército na medida que caminha para democracia através da luta política. O Iêmen, a Tunísia seguem a trilha do Egito, outros países como a Argélia, Iraque, Omã encaminham reformas, e tudo isso nos faz crer que as guerras civis demonstram que nem todos regimes do oriente médio eram ditaduras fortes com exceção da Líbia e da Síria.
O dia da desforra tinha chegado ao oriente médio, agora era a hora do acerto de contas com as oligarquias e ditaduras. Em 17 de dezembro 2010 Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, em 14 de janeiro de 2011, depois de semanas de violentas manifestações, Bem Ali, ditador da Tunísia à 23 anos foge para Arábia Saudita, a vitória do povo foi total, as eleições em breve iniciariam uma nova vida na Tunísia. Entretanto os levantes pelo Oriente-médio tinham apenas começado, desencadeando violentos processos políticos que se manifestavam segundo a particularidade de cada país. Em alguns países os ditadores renunciaram depois de uma luta dramática e violenta, lutas que porém não desembocaram em guerra civil, o maior exemplo disso são o Egito e o Iemem, entretanto as ferozes ditaduras da Líbia e da Síria desencadearam encarniçadas guerras civis. O Egito depois das manifestações que derrubaram Mubarak entrou em um conturbado período de transição com disputas políticas entre os grupos que outrora apoiavam o regime e grupos que eram oposição ao regime como o partido islâmico, Fraternidade muçulmana.As eleições parlamentares iniciavam a nova fase. Entretanto na Líbia e na Síria os processos geraram guerras civis com custos elevados para população de seus países, na líbia morreram cerca de 40 mil pessoas em 8 meses de conflitos violentíssimos envolvendo a ação de exércitos europeus e de forças estadunidenses sob a mascara da OTAM com o aval da ONU.
Embora a atuação das forças estrangeiras na Líbia não se restringisse à campanha aérea, pois muito apoio em solo foi dado aos rebeldes Líbios através da ação de espiões e a atuação de forças especiais, a OTAM não chegou a operar com forças regulares. Entretanto a batalha pela Líbia foi a mais importante guerra civil desde a guerra civil Espanhola, tanto pela sua localização estratégica no mediterrâneo, como pelo seu papel político no contexto africano. O regime de Muamar Kadafi foi responsável pela criação de um banco africano para minar a influência do FMI na África além ter financiado diversos movimentos de libertação na África, soma-se isso a um extenso histórico de embates com o ocidente que vão desde ações terroristas como a explosão do Lockerbie (Escócia) que resultaram na morte de centenas de pessoas, além de ter armado a guerrilha do Ira entre outros movimentos anti-imperialistas. Essa postura internacional independente da Líbia não refletia os conflitos internos do país com a brutal ditadura de Muamar Kadafi, estima-se que em 42 anos de ditadura cerca de 40 mil pessoas tenham perecido nas mãos de regime de Trípoli. Um dos últimos grandes massacres foi a execução de 1600 prisioneiros em 1996 realizada como uma espécie de queima de arquivo pelo regime ditatorial Líbio, esse massacre transformou a terrível prisão de Abu Salim na Bastilha do regime Líbio a libertação de prisioneiros de Abu Salim foi um dos grandes momentos da guerra civil
Kadafi morreu sem julgamento executado por milicianos Líbios, entretanto seu histórico de crimes e estupros e violações contra seu povo fez de sua execução uma espécie de linchamento público para o deleite das milhares de famílias que foram violadas pelo seu regime, de certa maneira não podia se esperar algo melhor. Depois da queda de Trípoli Kadafi se refugiou em sua cidade natal Sirte, seu regime era tribal, ele possuía um apoio popular no oeste da Líbia em especial de sua tribo e das tribos nômades do deserto os tuaregues, além de ter mantido até ao final o apoio de tribos como os Zentan e Taruna. A batalha final foi brutal, de um lado cerca de 6000 mil milicianos armados com o arsenal do próprio Kadafi, apoiados por um pesado bombardeio dos caças da Otan, em especial os Dassault Mirrage franceses, do outro lado cerca de 1500 homens, os restos do exército do ditador, polícia secreta e apoiadores populares de Sirte, nas duas primeiras semanas centenas de civis morreram no fogo cruzado entre o fiéis seguidores do tirano Líbio e seus inimigos rebeldes/OTAN. Depois de negociações e um curto cessar fogo para deixar a população fugir, junto com elementos chaves do regime, algum dos quais foram presos pelos rebeldes a batalha recomessa.Suspenso o cessar fogo, mais três semanas de intensos conflitos e em meio à um montão de escombros chega ao fim a guerra civil na Líbia. Os últimos momentos de Muamar Kadafi mostraram a brutalidade do conflito e ensinou que para muitos ditadores cruéis o fim é igualmente terrível ao destino de suas vitimas, tal como Hitler, Mussolini, mais recentemente Nicolae Ceausescu.
Nas suas últimas horas de sua vida Kadafi sentia a terra tremer constantemente. Uma chuva permanente de foguetes, granadas, mísseis grads e bombas made in OTAN fez o ditador escolher pela fuga com o resto de seus seguidores, cerca de 80 a 100 homens. O comboio de caminhonetes e carros partem em direção ao deserto, os caças franceses cuidam de interceptá-los, o final já conhecemos, capturado dentro de um cano de esgoto Kadafi é linchado, torturado e morto, seu filho Mutassim e seu general executados com um tiro, as cenas de Mutassin minutos antes de ser executado fumando um cigarro indica certo tratamento “humano”, aparentemente ele pode fumar, orar e escolher o local do tiro, bem em cima do coração. O motorista de Kadafi foi feito prisioneiro e é dele que provem o relato dos últimos momentos do tirano um homem irado, confuso, que olhava sempre para o norte, amaldiçoava o povo a quem ele atribuía ingratidão, mas ante aos inúmeros pedidos de fuga de seus homens ele sempre repetia que preferia morrer nas mãos do povo do que ser capturado pela OTAN e ser levado ao tribunal internacional. Segundo o motorista a ordem de “fuga” em plena luz de dia foi uma ordem de suicídio.
Podemos dizer que foi a intervenção da OTAN que garantiu uma rápida vitória aos rebeldes, apesar de sua vantagem numérica os rebeldes careciam de armamento pesado e blindados e de uma força aérea, entretanto demonstraram sua força ao realizar um levante popular em todas as cidades importantes da Líbia, dois terços do exército passou para o lado dos rebeldes, mas isso não garantiu uma vitória imediata, o regime manteve as principais unidades fiéis e com isso reuniu grande parte dos equipamentos e blindados além de manter a ordem na força aérea. Dezenas de pilotos foram executados e centenas de cadetes presos por se negarem a obedecer as ordens do ditador.Entretanto o regime já era um peso nas relações comerciais com o ocidente, além de ter um histórico desagradável de intervencionismos. Como nos últimos anos Kadafi estava valorizando relações econômicas com a China e Rússia a intervenção da OTAN foi crucial para manter a hegemonia do ocidente no mediterrâneo e garantir a vitória dos rebeldes.
Na Síria a questão é mais delicada e obscura, é sabido que a muito há uma oposição armada que luta contra a sanguinária ditadura de Bashar Assad entretanto as manifestações populares da primavera Árabe seguido dos massacres expos as debilidades do regime, um grande contingente de soldados se rebelou contra o regime e formaram o Exercito livre da Síria, acredita-se que inicialmente cerca de 15 a 20 mil soldados tenha se rebelado e que hoje o Exército livre da Síria chegue a 40 mil homens, mal armados e mal equipados, entretanto muito coesos politicamente ao ponto de resistir meses sem o apoio real dos países “inimigos” da Síria, armados apenas com armas leves, lança foguetes e granadas travam uma luta heróica contra a máquina de moer carne humana que sustenta a tirania Síria. O regime Sírio se sustenta devido a eficiência das suas forças de repressão, acredita-se que só nos últimos meses 10.000 civis tenham morrido nas mãos das forças do regime.
A batalha da Síria é diferente, não virá ajuda da OTAN, essa guerra irá durar muito tempo e nos legará mais lições que a batalha da Líbia, apesar dos rebeldes terem conseguido certa ajuda financeira a guerra segue indeterminada, seriam capazes os rebeldes de minar as forças do regime através de uma guerra popular? Essa questão e mais outras só o tempo as esclarecerá, o que sabemos é que há uma oposição política na Síria representada pela Fraternidade islâmica e que as armas dos rebeldes Líbios estão a disposição dos homens livres da síria, entretanto falta um “corredor” para que esse armamento chegue.
A maior lição que as insurreições armadas nos passam é que o preço da liberdade é caro e que uma saída política sempre evita traumas de uma guerra civil e que na política a maioria pode vencer a minoria, mas em uma guerra civil a questão da guerra suplanta a questão da política e o armamento torna-se mais importante que a palavra que o debate, por isso é mais importante evitar uma guerra civil do que vencê-la, o Egito demonstra a grandeza de suas organizações populares e de seu exército na medida que caminha para democracia através da luta política. O Iêmen, a Tunísia seguem a trilha do Egito, outros países como a Argélia, Iraque, Omã encaminham reformas, e tudo isso nos faz crer que as guerras civis demonstram que nem todos regimes do oriente médio eram ditaduras fortes com exceção da Líbia e da Síria.
sexta-feira, 2 de março de 2012
David Harvey: anti-capitalismo e marxismo.
A passagem de David Harvey por são Paulo foi marcada por uma forte presença de estudantes universitários. O “Tuca” o famoso anfiteatro da PUC ficou apertado para acomodar as mais de mil pessoas que foram lá ouvir o geógrafo e intelectual marxista. Na USP não foi diferente, embora o anfiteatro da faculdade de arquitetura fosse menor e o público presente maior que na PUC, o que acabou deixando centenas de pessoas para fora, a quais tiveram que acompanhar a palestra através do telão improvisado de última hora.
Em suas palavras David Harvey declarou que acredita na classe trabalhadora como a classe revolucionaria da história e que o socialismo ainda é possível, só que no século XXI a disputa não será pela fábrica mas pela cidade. A cidade é o novo campo de batalha da luta de classes. Harvey acredita que sua idéia não é uma novidade pois as maiores experiências revolucionárias partiram da cidade, como a primavera dos povos (1848) a comuna de Paris, ou 68. Atualmente ele apontou os movimentos “ocupy Wall Street”, os protestos anti-globalização e as manifestações contra guerra do Iraque como exemplos contemporâneos de luta anti-sistema. Discorreu sobre vários temas, suas análises não se prenderam as divisões disciplinares, talvez por isso obra alcance um público tão grande, como geógrafos, sociólogos, cientistas políticos, e economistas. Soma-se a isso o fato dos seus livros terem um texto fluido e didático que reforçam essas características interdisciplinares. Harvey têm a desenvoltura de um grande pensador, analisou as dinâmicas do capital, seu movimento sistêmico, enfocou as relações entre urbanização e produção de capital, além discorrer sobre formas de resistência e alternativas de luta.
Harvey também de maneira lúcida, apesar da critica ao capitalismo, ressaltou que no capitalismo aconteceu e acontecem coisas boas, tais como o desenvolvimento da capacidade de produção, a ciência e a tecnologia, e a própria possibilidade do socialismo que surge das contradições da sociedade capitalista. Ressaltou que a crise atual é controlada e que o capitalismo necessita da produção da pobreza, ele citou dados que demonstram o crescimento em todo o mundo desde 2008 do número de bilionários, ricos que aumentaram suas riquezas devido a especulação financeira, números estes acompanhados do aumento do desemprego e da miséria em todo mundo afetado pela crise. No capitalismo, segundo Harvey, o processo de concentração de riqueza é constante. Harvey ressaltou também um processo que ele chamou de externalização das necessidades do capital, que repassa para as classes pobres os custo da produção, através da exploração do trabalho e da espoliação dos direitos civis.
De certa maneira os dois dias de palestra em São Paulo deram a chance ao publico brasileiro de conhecer seu pensamento de uma perspectiva geral e atualizada. No Brasil Harvey é conhecido pelo seu livro mais famoso “A condição pós-moderna”, considerado, segundo alguns professores que apresentaram a palestra de Harvey , como um dos 50 livros mais importantes do pós-guerra. O evento foi promovido pela editora Boi Tempo, para lançar seu novo livro “O enigma do capital”. Ao final do evento o representante da editora no anfiteatro da FAU de maneira irradiante anunciou o esgotamento da primeira edição do livro, centenas de pessoas ao longo dos dois dias compraram os estoques do livro “O enigma do capital” da banca da editora, que expôs seus livros ao longo do evento.
David Harvey se mostrou extremamente simpático, piadista e atencioso, sua palestra se dividia em duas partes, a primeira, com cerca de uma hora, era uma apresentação de seu pensamento, na realidade uma exposição da crise econômica, depois na segunda parte, ele respondia as dúvidas de seu inquieto público anticapitalista.
Harvey dedicou cerca de uma hora para responder as inúmeras questões do seu público, depois abriu para uma sessão de autógrafos, abraços e fotos. Ao longo dos eventos ressaltou a importância da luta anti-capitalista, e por vezes mostrou simpatia por pensadores anarquistas como Kropotkin, Elisée Reclú, e pensadores anti-autoritários como Michel Foucault, todos eles, segundo Harvey, foram grandes geógrafos e críticos do capitalismo. Na nossa lembrança ficará a camiseta vermelha a calça preta e seu entusiasmo juvenil que ressaltava junto com a barba e os cabelos brancos uma disposição para o novo e para a revolução através da luta anticapitalista. Mais do que aos brasileiros Harvey se surpreendeu com o Brasil, e repetiu nas duas palestras olhando para o publico a sua alegria em constatar que o marxismo estava vivo, assim como Marx, para um publico que sorria lisonjeado pelas palavras do velho pensador marxista.
Em suas palavras David Harvey declarou que acredita na classe trabalhadora como a classe revolucionaria da história e que o socialismo ainda é possível, só que no século XXI a disputa não será pela fábrica mas pela cidade. A cidade é o novo campo de batalha da luta de classes. Harvey acredita que sua idéia não é uma novidade pois as maiores experiências revolucionárias partiram da cidade, como a primavera dos povos (1848) a comuna de Paris, ou 68. Atualmente ele apontou os movimentos “ocupy Wall Street”, os protestos anti-globalização e as manifestações contra guerra do Iraque como exemplos contemporâneos de luta anti-sistema. Discorreu sobre vários temas, suas análises não se prenderam as divisões disciplinares, talvez por isso obra alcance um público tão grande, como geógrafos, sociólogos, cientistas políticos, e economistas. Soma-se a isso o fato dos seus livros terem um texto fluido e didático que reforçam essas características interdisciplinares. Harvey têm a desenvoltura de um grande pensador, analisou as dinâmicas do capital, seu movimento sistêmico, enfocou as relações entre urbanização e produção de capital, além discorrer sobre formas de resistência e alternativas de luta.
Harvey também de maneira lúcida, apesar da critica ao capitalismo, ressaltou que no capitalismo aconteceu e acontecem coisas boas, tais como o desenvolvimento da capacidade de produção, a ciência e a tecnologia, e a própria possibilidade do socialismo que surge das contradições da sociedade capitalista. Ressaltou que a crise atual é controlada e que o capitalismo necessita da produção da pobreza, ele citou dados que demonstram o crescimento em todo o mundo desde 2008 do número de bilionários, ricos que aumentaram suas riquezas devido a especulação financeira, números estes acompanhados do aumento do desemprego e da miséria em todo mundo afetado pela crise. No capitalismo, segundo Harvey, o processo de concentração de riqueza é constante. Harvey ressaltou também um processo que ele chamou de externalização das necessidades do capital, que repassa para as classes pobres os custo da produção, através da exploração do trabalho e da espoliação dos direitos civis.
De certa maneira os dois dias de palestra em São Paulo deram a chance ao publico brasileiro de conhecer seu pensamento de uma perspectiva geral e atualizada. No Brasil Harvey é conhecido pelo seu livro mais famoso “A condição pós-moderna”, considerado, segundo alguns professores que apresentaram a palestra de Harvey , como um dos 50 livros mais importantes do pós-guerra. O evento foi promovido pela editora Boi Tempo, para lançar seu novo livro “O enigma do capital”. Ao final do evento o representante da editora no anfiteatro da FAU de maneira irradiante anunciou o esgotamento da primeira edição do livro, centenas de pessoas ao longo dos dois dias compraram os estoques do livro “O enigma do capital” da banca da editora, que expôs seus livros ao longo do evento.
David Harvey se mostrou extremamente simpático, piadista e atencioso, sua palestra se dividia em duas partes, a primeira, com cerca de uma hora, era uma apresentação de seu pensamento, na realidade uma exposição da crise econômica, depois na segunda parte, ele respondia as dúvidas de seu inquieto público anticapitalista.
Harvey dedicou cerca de uma hora para responder as inúmeras questões do seu público, depois abriu para uma sessão de autógrafos, abraços e fotos. Ao longo dos eventos ressaltou a importância da luta anti-capitalista, e por vezes mostrou simpatia por pensadores anarquistas como Kropotkin, Elisée Reclú, e pensadores anti-autoritários como Michel Foucault, todos eles, segundo Harvey, foram grandes geógrafos e críticos do capitalismo. Na nossa lembrança ficará a camiseta vermelha a calça preta e seu entusiasmo juvenil que ressaltava junto com a barba e os cabelos brancos uma disposição para o novo e para a revolução através da luta anticapitalista. Mais do que aos brasileiros Harvey se surpreendeu com o Brasil, e repetiu nas duas palestras olhando para o publico a sua alegria em constatar que o marxismo estava vivo, assim como Marx, para um publico que sorria lisonjeado pelas palavras do velho pensador marxista.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
O Império quer um imposto global.
Nos últimos anos com o desemprego crescente na Europa e nos Estados unidos, o declínio do consumo dos países ricos, somados aos protestos e manifestações populares por todo mundo antigo, em especial na Europa e oriente médio, mais a nova escalada armamentista, geraram uma perspectiva ao mesmo tempo nova e terrível para milhões de seres humanos. A atual crise econômica é a terceira de uma série de três recessões profundas sofridas pelo capitalismo. A primeira de 1873 a 1896, teve como conseqüência um acirramento do imperialismo Europeu, que foi usado como solução às fortes contradições econômicas do período empurrando a Europa para a primeira grande guerra.
A segunda crise, de 1929 à 1939, acabou por levar à ascensão o nazifacismo europeu, como resposta às revoluções comunistas do período. Teve como conseqüência a Segunda Grande Guerra. Evidentemente nos perguntamos quais seriam as conseqüências da crise atual , já que para uma economia como a de nosso país, crises como essas produzem certas oportunidades para desenvolvimento e transformação, mesmo que a longo prazo a guerra se vislumbre no horizonte.
Muitas foram as estratégias da burguesia financeira para controlar as conseqüências políticas da crise econômica. Nos primeiros meses da crise a mídia capitalista a todo custo queria desvincular a crise de suas raízes produtivas enfocando-a como uma crise financeira apenas, como mais uma crise de “ativos” atrelada apenas a virtualidade das bolsas de valores. A solução de início era clara bastava criar novos ativos sob a forma de impostos sob carbono. Alardeava -se aos quatro ventos a questão do “aquecimento global” entretanto depois da conferencia do “clima” em Copenhagen em 2009 o discurso mudou, veremos porque.
Uma das estratégias foi destacar nas manchetes do período o “aquecimento global”, enquanto isso os governos dos países desenvolvidos financiavam encontros para discutir e aprovar os chamados “impostos sob a emissão de carbono”, mas essa estratégia não era gratuita como veremos mais a frente. Por um tempo, este bode expiatório midiático deu certo até ficar claro, com a revelação feita por hakers de uma troca de e-mails de mais de 13 anos entre os cientistas responsáveis pelo IPCC, que na última década esses mesmos cientistas tinham sido financiados pelo governo inglês e pela ONU para empurrar para cima a média dos registros da temperatura do período, retocando o aquecimento global.
O plano consistia na seguinte estratégia: os EUA e Inglaterra seriam os financiadores majoritários do primeiro imposto mundial, portanto credores do novo sistema financeiro baseado no imposto sobre o carbono, financiando assim a saída de suas economias da crise, e criando as bases para um estado global, logo um governo mundial.
A gota d’água porém foi o vazamento, antes do fim encontro, na conferência de Copenhagen, em fins de 2009, do acordo pronto feito entre EUA e Inglaterra, que somado aos protestos e combates de rua de militantes anticapitalistas de toda Europa nas proximidades Copenhagen, antecipou o grande protesto interno: a saída indignada dos países africanos, seguido dos protestos do Brasil, Índia e China. O encontro de Copenhagen acabou sem acordo. O evidente encobrimento da crise com o discurso ambiental, seguido de um aumento de impostos caiu por terra. Desde então a ideologia ambiental capitalista teve que mudar rapidamente sua forma, dada a queda da tese do “aquecimento global” e da idéia de “crise financeira”. Hoje o termo mudança climática, ou crise ambiental, passou a ser muito mais usado pela mídia, pois é mais adequado para esconder a disputa que os estados desenvolvidos e suas empresas realizam sobre os recursos humanos, as populações e seus biomas, em especial a guerra por petróleo. Entretanto mesmo que essa diferenciação de bioma e recursos humanos seja apenas um recurso didático, já é evidente que a maior riqueza do planeta terra é sua população com sua força de trabalho.
Logo a estratégia para criação de imposto sobre o carbono tinha como argumento a idéia de que a crise econômica seria uma crise “financeira” de “ativos”, como se fosse algo ligado apenas à “virtualidade” dos painéis da bolsa. Os EUA com o apoio da Inglaterra e Europa, criariam “novos ativos” sob a forma do “imposto carbono” sobre os países mais pobres para “salvar o planeta”, estabelecendo limites para industrialização dos países pobres, impedindo esses estados em industrialização de sobrecarregarem a produção capitalista com os seus produtos produzidos por máquinas movidas à derivado de petróleo e carvão. Com isso ela tornaria os países mais dependentes de sua nova “economia verde”. Pelo acordo, os EUA se eximiriam de reduzir seu CO2 em troca do financiamento do fundo.
Ficou a cargo de toda mídia global propagandear o processo como um benefício, um avanço em direção a uma “economia ambientalmente sustentável”, escondendo as razões reais, que eram: passar a conta da crise para os países pobres, além de prescrever mais de 100 impostos criados contra as populações de todos os países do mundo, impostos sobre pessoa física que funcionariam como meio de controle sobre as classes sociais mais pobres pelas elites de cada país do globo. A África, os BRICs e a população trabalhadora dos países desenvolvidos é que deveriam pagar pela recessão. A grande ironia era que a desculpa para os impostos era “salvar a natureza e o meio ambiente”.
Entretanto essa luta a humanidade venceu, mesmo com meios de comunicação hegemônicos mascarando cinicamente o que ocorria no encontro e que o estopim dessa crise foi uma lógica inerente à economia capitalista de superprodução, que se efetivou com a valoração desmesurada no setor imobiliário da economia norte americana, a maior economia do planeta, isto somado a má gestão dos recursos financeiros dos EUA, que além de ser a única superpotência foi o grande modelo econômico do mundo atual.
Acabado o encontro, salva a economia dos países pobres, a contradição continuou, pois devemos lembrar que a importância dos EUA não é apenas econômica. Já era consenso entre economistas que as economias dependentes diretamente dos EUA seguiriam o mesmo curso. Entretanto a mídia, durante todo o ano de 2009 difundiu aos quatro ventos que o pacote de trilhões de dólares e euros teria sido suficiente para conter a crise e salvar as economias. Passado pouco mais um ano do início da crise, em 2010 foi a vez da economia Européia de entrar na recessão.
Mais uma vez os fatos desmascararam a ideologia que tentava através de seu discurso converter a crise do setor produtivo em uma crise momentânea do capital, que criava uma imagem estática do mundo em que o capitalismo se eterniza. Vimos como os fatos forçam e fazem saltar as contradições dessas imagens sedutoras de uma economia regulável, mas para tanto devemos reconhecer outras razões além das econômicas.
A segunda crise, de 1929 à 1939, acabou por levar à ascensão o nazifacismo europeu, como resposta às revoluções comunistas do período. Teve como conseqüência a Segunda Grande Guerra. Evidentemente nos perguntamos quais seriam as conseqüências da crise atual , já que para uma economia como a de nosso país, crises como essas produzem certas oportunidades para desenvolvimento e transformação, mesmo que a longo prazo a guerra se vislumbre no horizonte.
Muitas foram as estratégias da burguesia financeira para controlar as conseqüências políticas da crise econômica. Nos primeiros meses da crise a mídia capitalista a todo custo queria desvincular a crise de suas raízes produtivas enfocando-a como uma crise financeira apenas, como mais uma crise de “ativos” atrelada apenas a virtualidade das bolsas de valores. A solução de início era clara bastava criar novos ativos sob a forma de impostos sob carbono. Alardeava -se aos quatro ventos a questão do “aquecimento global” entretanto depois da conferencia do “clima” em Copenhagen em 2009 o discurso mudou, veremos porque.
Uma das estratégias foi destacar nas manchetes do período o “aquecimento global”, enquanto isso os governos dos países desenvolvidos financiavam encontros para discutir e aprovar os chamados “impostos sob a emissão de carbono”, mas essa estratégia não era gratuita como veremos mais a frente. Por um tempo, este bode expiatório midiático deu certo até ficar claro, com a revelação feita por hakers de uma troca de e-mails de mais de 13 anos entre os cientistas responsáveis pelo IPCC, que na última década esses mesmos cientistas tinham sido financiados pelo governo inglês e pela ONU para empurrar para cima a média dos registros da temperatura do período, retocando o aquecimento global.
O plano consistia na seguinte estratégia: os EUA e Inglaterra seriam os financiadores majoritários do primeiro imposto mundial, portanto credores do novo sistema financeiro baseado no imposto sobre o carbono, financiando assim a saída de suas economias da crise, e criando as bases para um estado global, logo um governo mundial.
A gota d’água porém foi o vazamento, antes do fim encontro, na conferência de Copenhagen, em fins de 2009, do acordo pronto feito entre EUA e Inglaterra, que somado aos protestos e combates de rua de militantes anticapitalistas de toda Europa nas proximidades Copenhagen, antecipou o grande protesto interno: a saída indignada dos países africanos, seguido dos protestos do Brasil, Índia e China. O encontro de Copenhagen acabou sem acordo. O evidente encobrimento da crise com o discurso ambiental, seguido de um aumento de impostos caiu por terra. Desde então a ideologia ambiental capitalista teve que mudar rapidamente sua forma, dada a queda da tese do “aquecimento global” e da idéia de “crise financeira”. Hoje o termo mudança climática, ou crise ambiental, passou a ser muito mais usado pela mídia, pois é mais adequado para esconder a disputa que os estados desenvolvidos e suas empresas realizam sobre os recursos humanos, as populações e seus biomas, em especial a guerra por petróleo. Entretanto mesmo que essa diferenciação de bioma e recursos humanos seja apenas um recurso didático, já é evidente que a maior riqueza do planeta terra é sua população com sua força de trabalho.
Logo a estratégia para criação de imposto sobre o carbono tinha como argumento a idéia de que a crise econômica seria uma crise “financeira” de “ativos”, como se fosse algo ligado apenas à “virtualidade” dos painéis da bolsa. Os EUA com o apoio da Inglaterra e Europa, criariam “novos ativos” sob a forma do “imposto carbono” sobre os países mais pobres para “salvar o planeta”, estabelecendo limites para industrialização dos países pobres, impedindo esses estados em industrialização de sobrecarregarem a produção capitalista com os seus produtos produzidos por máquinas movidas à derivado de petróleo e carvão. Com isso ela tornaria os países mais dependentes de sua nova “economia verde”. Pelo acordo, os EUA se eximiriam de reduzir seu CO2 em troca do financiamento do fundo.
Ficou a cargo de toda mídia global propagandear o processo como um benefício, um avanço em direção a uma “economia ambientalmente sustentável”, escondendo as razões reais, que eram: passar a conta da crise para os países pobres, além de prescrever mais de 100 impostos criados contra as populações de todos os países do mundo, impostos sobre pessoa física que funcionariam como meio de controle sobre as classes sociais mais pobres pelas elites de cada país do globo. A África, os BRICs e a população trabalhadora dos países desenvolvidos é que deveriam pagar pela recessão. A grande ironia era que a desculpa para os impostos era “salvar a natureza e o meio ambiente”.
Entretanto essa luta a humanidade venceu, mesmo com meios de comunicação hegemônicos mascarando cinicamente o que ocorria no encontro e que o estopim dessa crise foi uma lógica inerente à economia capitalista de superprodução, que se efetivou com a valoração desmesurada no setor imobiliário da economia norte americana, a maior economia do planeta, isto somado a má gestão dos recursos financeiros dos EUA, que além de ser a única superpotência foi o grande modelo econômico do mundo atual.
Acabado o encontro, salva a economia dos países pobres, a contradição continuou, pois devemos lembrar que a importância dos EUA não é apenas econômica. Já era consenso entre economistas que as economias dependentes diretamente dos EUA seguiriam o mesmo curso. Entretanto a mídia, durante todo o ano de 2009 difundiu aos quatro ventos que o pacote de trilhões de dólares e euros teria sido suficiente para conter a crise e salvar as economias. Passado pouco mais um ano do início da crise, em 2010 foi a vez da economia Européia de entrar na recessão.
Mais uma vez os fatos desmascararam a ideologia que tentava através de seu discurso converter a crise do setor produtivo em uma crise momentânea do capital, que criava uma imagem estática do mundo em que o capitalismo se eterniza. Vimos como os fatos forçam e fazem saltar as contradições dessas imagens sedutoras de uma economia regulável, mas para tanto devemos reconhecer outras razões além das econômicas.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Irã é o centro estratégico do mundo.
por Pedro lira
Uma guerra contra o Irã deixará claro que os objetivo dos EUA é a conquista do oriente médio. Apesar do autoritarismo do regime teocrático de Teerã este regime não surgiu como uma ditadura. A revolução iraniana foi a última grande revolução do século XX e criou um regime teocrático que apontava para uma democracia. Até 2008 as eleições parlamentares e para presidente eram livres no Irã. A derrota nas urnas da linha dura do regime vez com que o Aitolá Khamenei interviesse diretamente nas eleições. Os resultados foram simplesmente omitidos, a classe média urbana de Teerã se rebelou e foi massacrada, o regime demonstrou que é uma Teocracia e a democracia continua sendo uma opção, logo ali, perto do povo, mas distanciada por um regime que foi forçado a se enrijecer devido às pressões militares e econômicas do ocidente, afinal a conquista do Iraque e do Afeganistão pelos EUA deixam o Irã cercado por dois lados, então chegamos a conclusão que a resposta de Teerã tanto a democracia como ao ocidente foi uma defesa da soberania do Irã teocrático, militarizado e cada vez mais isolado do mundo ocidental.
O republica islâmica desenvolveu economicamente o Irã e pareceu por algum tempo ser uma alternativa a democracia ocidental, pois sabia conjugar as aspirações populares com um regime teocrático, dando tons de uma democracia representativa, características herdadas do governo de Aiatolá Khomeine, que mesmo em face a uma guerra violenta contra um Iraque financiado e armado pelos EUA e pela URSS, manteve a força da revolução. O Regime xiita tinha uma pretensão de espalhar sua revolução por todo oriente médio, e isto abalou o equilíbrio da guerra fria relativizando tanto a influência americana como soviética no oriente médio.
Entretanto os EUA faziam um jogo duplo, vendo o arrefecimento da revolução e a fraqueza do Regime da Saddan Hussein passaram a vender clandestinamente armas para o Irã, e com o dinheiro financiaram a contra-revolução na Nicarágua, esse escândalo ficou conhecido como Irã-contras. Uma foto muito famosa do período, de 1983, mostra Donald Rumsfeld , ex-secretário de defesa, apertando as mãos de Saddan Hussein, três anos antes do escândalo Irã-contras. O objetivo dos EUA era o enfraquecimento de qualquer regime autônomo o suficiente para frear seus interesses no oriente médio.
O regime de Saddan Hussein caiu primeiro, devido a sua agressividade, pois após a guerra contra o Irã, em 1990, o Iraque atacou o Kuwait e criou oportunidades para os EUA intervirem com o apoio do ocidente.Pouco mais de dez anos depois utilizando como bode expiatório a destruição do Word Trade Center os EUA inventam a guerra contra o terror e culpam o Afeganistão de colaboração com o “terrorismo internacional”, então este país feudal de longa extensão é invadido sem maiores dificuldades e em 2003 os EUA forjam a acusação que o Iraque possui armas de destruição em massa e ocupam o Iraque. O Irã se vê cercado em menos de dois anos pelo oeste e pelo leste, acelera seu programa nuclear e de mísseis balísticos como forma de garantir sua soberania. Os EUA tentam a todo custo incriminar o republica Islâmica, entretanto durante cerca de 12 anos mesmo sob embarco econômico, o Irã utilizou o dinheiro do petróleo e o armamento acumulado desde o Regime Reza Pahlavi para construir uma sólida força armada. Uma guerra contra o Irã teria que mobilizar o dobro de recursos usados contra o Iraque, além dos EUA terem que enfrentar uma longa e obcecada resistência do povo iraniano. A experiência no Iraque mostrou o preço que se paga para ocupar um país armado, e evidentemente que uma guerra de ocupação no Irã seria muito mais violenta pois além de armas o Irã possui tecnologia própria e uma aliança estratégica tanto com a China quanto com a Rússia, um grande exemplo disso é o fornecimento pela Rússia de seu avançado sistema de defesa antiaérea S-300. Mas como foi possível para o Irã ficar tão forte militarmente?
Os fatores que possibilitaram o Irã se armar são 4; primeiro sua posição estratégica no centro da chamada eurásia, quem ocupar o Irã domina todo oriente médio e fica em uma posição vantajosa mundialmente, afinal o Irã fica no meio do caminho entre a Europa e a China e atrás da Índia e da Rússia. Segundo, o regime de Reza Pahlevi na década de 70 conseguiu usar os EUA para se armar contra a Rússia. O Irã é um dos poucos países do mundo que possuem os f-14 norte americanos, por sua vez a Revolução iraniana seguida da guerra Irã contra Iraque vez com que o Irã recebesse armamento russo e mais equipamento americano. Terceiro fator, o Irã vez o possível para desenvolver sua industria e tecnologia nos anos que seguiram a revolução, e finalmente o quarto e ultimo fator, Rússia e China temem que os EUA ocupem o Irã somando um território imenso que vai do Iraque ao Afeganistão, com essa experiência o EUA teriam condições de invadir um território de proporções continentais, então tanto Rússia quanto China oferecem equipamentos e tecnologias para o Irã, ao ponto do Irã fabricar caças de 3 geração e anunciarem projetos de caças de 4 e 5 geração, neste caso poderiam realizar um ataque em solo americano! Uma guerra contra o Irã é uma Guerra de proporções mundiais, se os EUA estiverem dispostos a atacar o Irã será a confissão que seu intento último, a longo prazo é a conquista militar do globo.
Uma guerra contra o Irã deixará claro que os objetivo dos EUA é a conquista do oriente médio. Apesar do autoritarismo do regime teocrático de Teerã este regime não surgiu como uma ditadura. A revolução iraniana foi a última grande revolução do século XX e criou um regime teocrático que apontava para uma democracia. Até 2008 as eleições parlamentares e para presidente eram livres no Irã. A derrota nas urnas da linha dura do regime vez com que o Aitolá Khamenei interviesse diretamente nas eleições. Os resultados foram simplesmente omitidos, a classe média urbana de Teerã se rebelou e foi massacrada, o regime demonstrou que é uma Teocracia e a democracia continua sendo uma opção, logo ali, perto do povo, mas distanciada por um regime que foi forçado a se enrijecer devido às pressões militares e econômicas do ocidente, afinal a conquista do Iraque e do Afeganistão pelos EUA deixam o Irã cercado por dois lados, então chegamos a conclusão que a resposta de Teerã tanto a democracia como ao ocidente foi uma defesa da soberania do Irã teocrático, militarizado e cada vez mais isolado do mundo ocidental.
O republica islâmica desenvolveu economicamente o Irã e pareceu por algum tempo ser uma alternativa a democracia ocidental, pois sabia conjugar as aspirações populares com um regime teocrático, dando tons de uma democracia representativa, características herdadas do governo de Aiatolá Khomeine, que mesmo em face a uma guerra violenta contra um Iraque financiado e armado pelos EUA e pela URSS, manteve a força da revolução. O Regime xiita tinha uma pretensão de espalhar sua revolução por todo oriente médio, e isto abalou o equilíbrio da guerra fria relativizando tanto a influência americana como soviética no oriente médio.
Entretanto os EUA faziam um jogo duplo, vendo o arrefecimento da revolução e a fraqueza do Regime da Saddan Hussein passaram a vender clandestinamente armas para o Irã, e com o dinheiro financiaram a contra-revolução na Nicarágua, esse escândalo ficou conhecido como Irã-contras. Uma foto muito famosa do período, de 1983, mostra Donald Rumsfeld , ex-secretário de defesa, apertando as mãos de Saddan Hussein, três anos antes do escândalo Irã-contras. O objetivo dos EUA era o enfraquecimento de qualquer regime autônomo o suficiente para frear seus interesses no oriente médio.
O regime de Saddan Hussein caiu primeiro, devido a sua agressividade, pois após a guerra contra o Irã, em 1990, o Iraque atacou o Kuwait e criou oportunidades para os EUA intervirem com o apoio do ocidente.Pouco mais de dez anos depois utilizando como bode expiatório a destruição do Word Trade Center os EUA inventam a guerra contra o terror e culpam o Afeganistão de colaboração com o “terrorismo internacional”, então este país feudal de longa extensão é invadido sem maiores dificuldades e em 2003 os EUA forjam a acusação que o Iraque possui armas de destruição em massa e ocupam o Iraque. O Irã se vê cercado em menos de dois anos pelo oeste e pelo leste, acelera seu programa nuclear e de mísseis balísticos como forma de garantir sua soberania. Os EUA tentam a todo custo incriminar o republica Islâmica, entretanto durante cerca de 12 anos mesmo sob embarco econômico, o Irã utilizou o dinheiro do petróleo e o armamento acumulado desde o Regime Reza Pahlavi para construir uma sólida força armada. Uma guerra contra o Irã teria que mobilizar o dobro de recursos usados contra o Iraque, além dos EUA terem que enfrentar uma longa e obcecada resistência do povo iraniano. A experiência no Iraque mostrou o preço que se paga para ocupar um país armado, e evidentemente que uma guerra de ocupação no Irã seria muito mais violenta pois além de armas o Irã possui tecnologia própria e uma aliança estratégica tanto com a China quanto com a Rússia, um grande exemplo disso é o fornecimento pela Rússia de seu avançado sistema de defesa antiaérea S-300. Mas como foi possível para o Irã ficar tão forte militarmente?
Os fatores que possibilitaram o Irã se armar são 4; primeiro sua posição estratégica no centro da chamada eurásia, quem ocupar o Irã domina todo oriente médio e fica em uma posição vantajosa mundialmente, afinal o Irã fica no meio do caminho entre a Europa e a China e atrás da Índia e da Rússia. Segundo, o regime de Reza Pahlevi na década de 70 conseguiu usar os EUA para se armar contra a Rússia. O Irã é um dos poucos países do mundo que possuem os f-14 norte americanos, por sua vez a Revolução iraniana seguida da guerra Irã contra Iraque vez com que o Irã recebesse armamento russo e mais equipamento americano. Terceiro fator, o Irã vez o possível para desenvolver sua industria e tecnologia nos anos que seguiram a revolução, e finalmente o quarto e ultimo fator, Rússia e China temem que os EUA ocupem o Irã somando um território imenso que vai do Iraque ao Afeganistão, com essa experiência o EUA teriam condições de invadir um território de proporções continentais, então tanto Rússia quanto China oferecem equipamentos e tecnologias para o Irã, ao ponto do Irã fabricar caças de 3 geração e anunciarem projetos de caças de 4 e 5 geração, neste caso poderiam realizar um ataque em solo americano! Uma guerra contra o Irã é uma Guerra de proporções mundiais, se os EUA estiverem dispostos a atacar o Irã será a confissão que seu intento último, a longo prazo é a conquista militar do globo.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Revoluções, guerras e o Brasil.
Por Pedro lira.
O presidente dos EUA Barack Obama realizou cortes no orçamento militar dos EUA estipulados em um trilhão de dólares, o equivalente a metade de nosso PIB, de acordo com o plano estes gastos serão cortados em dez anos. Mas não devemos nos enganar e acreditar que a natureza imperialista do EUA mudou. Durante 10 anos esse orçamento cresceu devido a demanda das guerras no Iraque e Afeganistão, uma guerra próxima contra o Irã poderá relativizar ou até mesmo reverter esse corte orçamentário. Os EUA investem bilhões por ano em armamento e tecnologias militares, e nos últimos anos países como a China, Rússia, Venezuela entre outros aumentaram seus investimentos militares. O mundo vive uma espécie de nova corrida armamentista alimentada pelas ações do Império e pelos temores de uma possível guerra mundial gestada pela recessão econômica. Entretanto o Brasil parece não se preocupar com essa crescente militarização do mundo. Temos como exemplo a novela dos caças da FAB.
Em 2008, no início da crise econômica mundial o Brasil tinha 171 pretensos aviões de combate. Essa frota diminuta dava um aparelho para cada 50 mil quilômetros quadrados, diluído em nosso território gigantesco. Os anos passam e a novela segue em direção ao nada. Um acordo de compra que prevê a aquisição de 36 míseras unidades de novos modelos, está em negociação a quase 10 anos. Mesmo adquirindo esses caças ainda teríamos uma força aérea tão ridícula quanto o Incrível exército de Branca - Leoni. Comparado com os EUA nossa frota é risível, os EUA possuem 2600 aviões de última geração em operação, e em um esforço de guerra, eles podem triplicar sua frota em poucos anos através de seu complexo industrial militar. Que a construção de novas fragatas pela marinha tenha sido privilegiada nesses últimos anos, devidamente impulsionada pelas nossas riquezas marítimas, em especial o pré-sal, nossas maiores jazidas de petróleo até agora descobertas. Mas a guerra moderna se ganha pelo alto, logo uma força aérea forte é imprescindível.
Temos uma tradição de guerra fraca e uma tradição policialesca forte, as longas ditaduras e o isolamento físico do Brasil contribuíram para essa formação. A política que define as prioridades de defesa. Entretanto diante dos últimos acontecimentos mundiais; recessão, revoluções, guerras, e o acelerado avanço tecnológico, melhor seria por as barbas de molho. Vencer o Brasil em uma guerra pode ser tentador para um super exército de rapina. Um país grande, rico e fraco - pois que desarmado- pode alimentar desejos do Império que ronda hoje o oriente médio. Afeganistão, Iraque, Líbia, já sentiram o furor dos caças de supremacia aérea de quartas e quintas gerações do EUA. Hoje nosso isolamento físico é relativo ante os desenvolvimentos da indústria e tecnologia. Terminada a conquista do oriente - médio, quem seriam os próximos?A bem armada China ou a débil América - latina?
A construção de um complexo industrial militar brasileiro, submetidos somente aos interesses da democracia, do governo federal, militares, e ao parlamento, deve passar por um urgente debate com a sociedade civil. Cientistas, jornalistas, advogados, intelectuais devem pautar o debate com idéias- propostas, analisando quais são as necessidades para defesa do país, independentemente dos interesses do mercado internacional, ou mesmo limitar o assunto ingenuamente a uma questão militar. Soberania é um problema social e interessa a todos cidadãos.
Essa necessidade de defesa têm um contexto bem claro, o Brasil é a potência ascendente da America do sul, nossos interesses de defesa devem ser integrados aos interesses de defesa da America do Sul e de suas democracias, independentemente dos nossos irmãos ricos do norte, com seus organismos internacionais, ONU, OTAN, e FMI. Por isso a supremacia aérea é tão importante para a defesa do Brasil e do continente.
Para isso deve-se afastar o olhar das estratégias do século XX e enxergar que tipo de desafios poderíamos enfrentar no século XXI. Um olhar para o passado que integre o presente expressa bem os desafios a serem enfrentados. Quais seriam os melhores recursos e estratégias para defesa? O sucateamento das nossas forças armadas mostra um estado que nunca precisou de fato enfrentar uma grande guerra e que sempre usou suas forças armadas para reprimir um povo desarmado, ou para auxiliar as forças policiais no combate ao crime. Enfrentar traficantes em um morro é bem diferente de enfrentar um exército bem organizado dentro dos termos dos últimos avanços tecnológicos atuais.
Foram os contextos internacionais que definiram nossa estratégia de armamento e defesa. Após a segunda grande guerra possuíamos uma versão diminuta do exército norte americano. Durante o regime militar alas nacionalistas envolveram o país no contexto da guerra fria, tentou–se criar uma industria mais ou menos autônoma de foguetes , aviões e chegaram a criar um programa nuclear tendo sonhado com os poderes da bomba atômica, mas devido ao seu mal governo os militares antes do fim da guerra fria foram expulsos do poder pela ação do povo.
Fundou-se então a democracia em meio a crises econômicas internas, mas ao longo das décadas firma-se nosso projeto democrático e a economia nacional se consolida. Merecidamente os militares foram postos de lado e cobrado pelo ônus dos seus crimes cometidos durante o regime. O governo militar foi fundamentado na tortura, em atos inconstitucionais, em todo tipo de assassínios e arbítrios. Ora mas a força de um exército reside no povo, e a democracia mostra força com o desenvolvimento político econômico da ultima década. Agora precisamos pensar o que fazer com esse desenvolvimento enquanto povos do continente sul-americano e creio que uma democracia precise tanto de cidadão engajados no processo político como de boas forças armadas, com soldado politizados, bem educados, esclarecidos e bem armados e cidadãos guerreiros, bem engajados na vida social, que não dependam de forças policiais, de psiquiatras e figuras paternalistas para garantir a plenitude de suas liberdades, de sua cidadania.
Pensar que tipo de forças armadas queremos para o Brasil e América do sul é de grande importância em um contexto internacional turbulento para irmos em direção de uma democracia ampla, participativa e direta. Aumentando os fóruns de debate, estudo e protestos, pensando saídas conjuntas enquanto sociedade, coletividades, identidades e indivíduos livres.
O presidente dos EUA Barack Obama realizou cortes no orçamento militar dos EUA estipulados em um trilhão de dólares, o equivalente a metade de nosso PIB, de acordo com o plano estes gastos serão cortados em dez anos. Mas não devemos nos enganar e acreditar que a natureza imperialista do EUA mudou. Durante 10 anos esse orçamento cresceu devido a demanda das guerras no Iraque e Afeganistão, uma guerra próxima contra o Irã poderá relativizar ou até mesmo reverter esse corte orçamentário. Os EUA investem bilhões por ano em armamento e tecnologias militares, e nos últimos anos países como a China, Rússia, Venezuela entre outros aumentaram seus investimentos militares. O mundo vive uma espécie de nova corrida armamentista alimentada pelas ações do Império e pelos temores de uma possível guerra mundial gestada pela recessão econômica. Entretanto o Brasil parece não se preocupar com essa crescente militarização do mundo. Temos como exemplo a novela dos caças da FAB.
Em 2008, no início da crise econômica mundial o Brasil tinha 171 pretensos aviões de combate. Essa frota diminuta dava um aparelho para cada 50 mil quilômetros quadrados, diluído em nosso território gigantesco. Os anos passam e a novela segue em direção ao nada. Um acordo de compra que prevê a aquisição de 36 míseras unidades de novos modelos, está em negociação a quase 10 anos. Mesmo adquirindo esses caças ainda teríamos uma força aérea tão ridícula quanto o Incrível exército de Branca - Leoni. Comparado com os EUA nossa frota é risível, os EUA possuem 2600 aviões de última geração em operação, e em um esforço de guerra, eles podem triplicar sua frota em poucos anos através de seu complexo industrial militar. Que a construção de novas fragatas pela marinha tenha sido privilegiada nesses últimos anos, devidamente impulsionada pelas nossas riquezas marítimas, em especial o pré-sal, nossas maiores jazidas de petróleo até agora descobertas. Mas a guerra moderna se ganha pelo alto, logo uma força aérea forte é imprescindível.
Temos uma tradição de guerra fraca e uma tradição policialesca forte, as longas ditaduras e o isolamento físico do Brasil contribuíram para essa formação. A política que define as prioridades de defesa. Entretanto diante dos últimos acontecimentos mundiais; recessão, revoluções, guerras, e o acelerado avanço tecnológico, melhor seria por as barbas de molho. Vencer o Brasil em uma guerra pode ser tentador para um super exército de rapina. Um país grande, rico e fraco - pois que desarmado- pode alimentar desejos do Império que ronda hoje o oriente médio. Afeganistão, Iraque, Líbia, já sentiram o furor dos caças de supremacia aérea de quartas e quintas gerações do EUA. Hoje nosso isolamento físico é relativo ante os desenvolvimentos da indústria e tecnologia. Terminada a conquista do oriente - médio, quem seriam os próximos?A bem armada China ou a débil América - latina?
A construção de um complexo industrial militar brasileiro, submetidos somente aos interesses da democracia, do governo federal, militares, e ao parlamento, deve passar por um urgente debate com a sociedade civil. Cientistas, jornalistas, advogados, intelectuais devem pautar o debate com idéias- propostas, analisando quais são as necessidades para defesa do país, independentemente dos interesses do mercado internacional, ou mesmo limitar o assunto ingenuamente a uma questão militar. Soberania é um problema social e interessa a todos cidadãos.
Essa necessidade de defesa têm um contexto bem claro, o Brasil é a potência ascendente da America do sul, nossos interesses de defesa devem ser integrados aos interesses de defesa da America do Sul e de suas democracias, independentemente dos nossos irmãos ricos do norte, com seus organismos internacionais, ONU, OTAN, e FMI. Por isso a supremacia aérea é tão importante para a defesa do Brasil e do continente.
Para isso deve-se afastar o olhar das estratégias do século XX e enxergar que tipo de desafios poderíamos enfrentar no século XXI. Um olhar para o passado que integre o presente expressa bem os desafios a serem enfrentados. Quais seriam os melhores recursos e estratégias para defesa? O sucateamento das nossas forças armadas mostra um estado que nunca precisou de fato enfrentar uma grande guerra e que sempre usou suas forças armadas para reprimir um povo desarmado, ou para auxiliar as forças policiais no combate ao crime. Enfrentar traficantes em um morro é bem diferente de enfrentar um exército bem organizado dentro dos termos dos últimos avanços tecnológicos atuais.
Foram os contextos internacionais que definiram nossa estratégia de armamento e defesa. Após a segunda grande guerra possuíamos uma versão diminuta do exército norte americano. Durante o regime militar alas nacionalistas envolveram o país no contexto da guerra fria, tentou–se criar uma industria mais ou menos autônoma de foguetes , aviões e chegaram a criar um programa nuclear tendo sonhado com os poderes da bomba atômica, mas devido ao seu mal governo os militares antes do fim da guerra fria foram expulsos do poder pela ação do povo.
Fundou-se então a democracia em meio a crises econômicas internas, mas ao longo das décadas firma-se nosso projeto democrático e a economia nacional se consolida. Merecidamente os militares foram postos de lado e cobrado pelo ônus dos seus crimes cometidos durante o regime. O governo militar foi fundamentado na tortura, em atos inconstitucionais, em todo tipo de assassínios e arbítrios. Ora mas a força de um exército reside no povo, e a democracia mostra força com o desenvolvimento político econômico da ultima década. Agora precisamos pensar o que fazer com esse desenvolvimento enquanto povos do continente sul-americano e creio que uma democracia precise tanto de cidadão engajados no processo político como de boas forças armadas, com soldado politizados, bem educados, esclarecidos e bem armados e cidadãos guerreiros, bem engajados na vida social, que não dependam de forças policiais, de psiquiatras e figuras paternalistas para garantir a plenitude de suas liberdades, de sua cidadania.
Pensar que tipo de forças armadas queremos para o Brasil e América do sul é de grande importância em um contexto internacional turbulento para irmos em direção de uma democracia ampla, participativa e direta. Aumentando os fóruns de debate, estudo e protestos, pensando saídas conjuntas enquanto sociedade, coletividades, identidades e indivíduos livres.
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