quinta-feira, 18 de abril de 2013

Boi de Piranha: Mídia e poder no Brasil.

Big brother I

Boi de Piranha: Mídia e poder no Brasil.

O termo big brother criado por George Orwell designava, em seu livro 1984, o uso indiscriminado de câmeras e televisores apara controlar e vigiar os cidadãos, hoje esse termo pode ser usado de duas formas, a primeira forma que vamos chamar de big brother I, funda-se na vigilância eletrônica e no controle de informações sobre o indivíduo, é o seu sentido clássico e é usada em especial por empresas de segurança, pelo poder público e por empresas como a google o face book. A segunda forma, que deriva da primeira é o uso da propaganda, da publicidade, dos meios de mídia, para enfocar um determinado assunto, desviando a atenção da opinião pública do problema econômico-politico para um problema moral por assim dizer, serve como uma forma de moralizar a consciência do público despolitizando-a.

Sabemos que no poder não há inocentes e que a justiça precisa realizar seu trabalho para combater desvios e vícios do poder. Mas o julgamento do “mensalão” por vezes lembrou os antigos expurgos stalinistas que se utilizaram de uma publicidade imensa para criar no povo uma sensação de justiça, forjando uma situação para desviar a atenção dos problemas sociais e econômicos.

A condenação dos acusados pelo mensalão se deu em um período crítico em que toda as lideranças de esquerda da América Latina passavam. O presidente Fernando Lugo do Paraguai a pouco havia sido deposto, Hugo Chávez entrava na fase final de sua doença, aqui no Brasil a condenação dos acusados por “propina” receberam variadas penas que foram recebidas com ovação pela mídia hegemônica, passando a impressão para os leigos, de que a justiça teria sido feita. A grande questão que levantamos é; porque a mídia enfocou tanto este caso? O fato do supremo tribunal federal ter julgado o caso do mensalão segundo as regras da Constituição não deveria causar espanto em ninguém, entretanto porque a mídia tentou sugerir que o caso do “mensalão” teria sido o maior caso de corrupção da história do país?

Para compreendermos esse “mistério” da superexposição do processo do mensalão via mídia hegemônica basta olharmos a breve história de nossa democracia para ver que inúmeros processos de corrupção se arrastam na justiça e não têm o mesmo enfoque, como o caso “Sudam” por exemplo. Caso envolvendo ex-senadores como Luís Estevão e Jader Barbalho, ou o caso de vendas de decisões judiciais feita por juízes federais desmontada pela operação Anaconda da polícia federal. A própria era de privatizações tucanas passou ilesa pela justiça, e hoje pouco se lembra do mensalão da era Fernando Henrique, que comprou votos para aprovar a reeleição.

Podemos notar claramente que o objetivo da mídia era atacar o governo e apagar a era Lula da memória dos brasileiros associando seu governo à corrupção, justamente em um período em que toda a esquerda latina americana sofria com uma onda de eventos hostis que iam de câncer à processos parlamentares. Fica evidente, se debruçarmos sobre a questão da corrupção no país, que o julgamento do mensalão funcionou como uma espécie de “boi de piranha”, para que a manada de corruptos passa-se, e nela se incluem não apenas parlamentares, mas também empresários, juízes e latifundiários, lobistas e etc. Foi preciso sacrificar os “inimigos” da velha oligarquia se utilizando de meios legais e de uma retórica moral, mas com isso não tiramos o mérito da questão do julgamento nem temos os réus como inocentes, mas sempre devemos desconfiar dos consensos criados pela mídia hegemônica.

Hoje vemos que essa estratégia não é de uso exclusivo deste ou daquele grupo, mas uma conjugação de forças, isto é, ela surge de uma aliança entre um interesse político e o chamado quarto poder. A eleição de do deputado Feliciano para a presidência da comissão de direitos humanos a primeira vista pareceu um grande equivoco por parte do governo, mas quando vemos o escândalo que ela causou na opinião publica e na exposição que a mídia deu, notamos mais uma vez , que a indicação serviu como “boi de piranha” para outras nomeações mais escandalosas e perigosas como e eleição Blairo Maggi, representante da bancada ruralista para a comissão do meio ambiente. A principal função do Big Brother II é eleger e divulgar a questão que é mais relevante para os interesses daqueles a quem ela representa, no caso, a nossa antiga oligarquia serva do imperialismo americano.

3 comentários:

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  2. Muito bom, Pedro! Sempre fiquei pensando sobre o mensalão e se assemelha a isso que voce escreve, exceto pela conclusão sua do "boi de piranha", rs, muito bom. Voce explicou sem a "paixão" meio cega que vemos em muitas opiniões, e com muita lucidez. Parabéns.

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  3. É bastante agradável teus argumentos, guri Pedro! Tu possibilitas - entre outras coisas - esta analogia com "Brave New World", num trecho de uma versão tão bem conhecida, a saber: "Vocês que fazem parte desta massa e passam nos projetos do futuro...". Forte abraço!

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