Big
brother I
Boi
de Piranha: Mídia e poder no Brasil.
O termo big brother criado por George Orwell designava, em seu livro
1984, o uso indiscriminado de câmeras e televisores apara controlar
e vigiar os cidadãos, hoje esse termo pode ser usado de duas formas,
a primeira forma que vamos chamar de big brother I, funda-se na
vigilância eletrônica e no controle de informações sobre o
indivíduo, é o seu sentido clássico e é usada em especial por
empresas de segurança, pelo poder público e por empresas como a
google o face book. A segunda forma, que deriva da primeira é o uso
da propaganda, da publicidade, dos meios de mídia, para enfocar um
determinado assunto, desviando a atenção da opinião pública do
problema econômico-politico para um problema moral por assim dizer,
serve como uma forma de moralizar a consciência do público
despolitizando-a.
Sabemos que no poder não há inocentes e que a justiça precisa
realizar seu trabalho para combater desvios e vícios do poder. Mas o
julgamento do “mensalão” por vezes lembrou os antigos expurgos
stalinistas que se utilizaram de uma publicidade imensa para criar
no povo uma sensação de justiça, forjando uma situação para
desviar a atenção dos problemas sociais e econômicos.
A condenação dos acusados pelo mensalão se deu em um período
crítico em que toda as lideranças de esquerda da América Latina
passavam. O presidente Fernando Lugo do Paraguai a pouco havia sido
deposto, Hugo Chávez entrava na fase final de sua doença, aqui no
Brasil a condenação dos acusados por “propina” receberam
variadas penas que foram recebidas com ovação pela mídia
hegemônica, passando a impressão para os leigos, de que a justiça
teria sido feita. A grande questão que levantamos é; porque a mídia
enfocou tanto este caso? O fato do supremo tribunal federal ter
julgado o caso do mensalão segundo as regras da Constituição não
deveria causar espanto em ninguém, entretanto porque a mídia
tentou sugerir que o caso do “mensalão” teria sido o maior caso
de corrupção da história do país?
Para compreendermos esse “mistério” da superexposição do processo do mensalão via mídia hegemônica basta olharmos a breve história de nossa democracia para ver que inúmeros processos de corrupção se arrastam na justiça e não têm o mesmo enfoque, como o caso “Sudam” por exemplo. Caso envolvendo ex-senadores como Luís Estevão e Jader Barbalho, ou o caso de vendas de decisões judiciais feita por juízes federais desmontada pela operação Anaconda da polícia federal. A própria era de privatizações tucanas passou ilesa pela justiça, e hoje pouco se lembra do mensalão da era Fernando Henrique, que comprou votos para aprovar a reeleição.
Podemos notar claramente que o objetivo da mídia era atacar o
governo e apagar a era Lula da memória dos brasileiros associando
seu governo à corrupção, justamente em um período em que toda a
esquerda latina americana sofria com uma onda de eventos hostis que
iam de câncer à processos parlamentares. Fica evidente, se
debruçarmos sobre a questão da corrupção no país, que o
julgamento do mensalão funcionou como uma espécie de “boi de
piranha”, para que a manada de corruptos passa-se, e nela se
incluem não apenas parlamentares, mas também empresários, juízes
e latifundiários, lobistas e etc. Foi preciso sacrificar os
“inimigos” da velha oligarquia se utilizando de meios legais e de
uma retórica moral, mas com isso não tiramos o mérito da questão
do julgamento nem temos os réus como inocentes, mas sempre devemos
desconfiar dos consensos criados pela mídia hegemônica.
Hoje vemos que essa estratégia não é de uso exclusivo deste ou
daquele grupo, mas uma conjugação de forças, isto é, ela surge de
uma aliança entre um interesse político e o chamado quarto poder. A
eleição de do deputado Feliciano para a presidência da comissão
de direitos humanos a primeira vista pareceu um grande equivoco por
parte do governo, mas quando vemos o escândalo que ela causou na
opinião publica e na exposição que a mídia deu, notamos mais uma
vez , que a indicação serviu como “boi de piranha” para outras
nomeações mais escandalosas e perigosas como e eleição Blairo
Maggi, representante da bancada ruralista para a comissão do meio
ambiente. A principal função do Big Brother II é eleger e
divulgar a questão que é mais relevante para os interesses daqueles
a quem ela representa, no caso, a nossa antiga oligarquia serva do
imperialismo americano.